segunda-feira, janeiro 30, 2012

Jornal Laboratório: espaço de experimentação

Professoras da Unisul Cilene Macedo (Extra - Tubarão) e Raquel Wandelli (Fato & Versão - Grande Florianópolis) participaram do encontro estadual

Nove instituições de ensino superior se reuniram na sexta-feira, 9/12, no 5º Encontro de Jornais Laboratórios de Santa Catarina, na Universidade Federal de SC. A Unisul esteve presente com os jornais Extra (Tubarão) e Fato & Versão (Grande Florianópolis). As professoras do curso de Jornalismo Cilene Macedo e Raquel Wandelli contaram suas experiências com os jornais e participaram de mesas-redondas.

Na abertura do encontro a professora Raquel Wandelli, em seu discurso, lembrou a trajetória dos eventos anteriores e levantou a questão da necessidade do foco deste trabalho: a experimentação. “Dizem os filósofos da modernidade que o homem contemporâneo, afeto à espetacularização da vida e à dominação da linguagem, perdeu a capacidade de experimentar o mundo. Vivemos, segundo Walter Benjamin, uma nova barbárie: a da não experiência. A incapacidade de traduzir os eventos da vida cotidiana em vivências significativas repercute na nossa dificuldade de se apropriar desses eventos e narrá-los como experiência compartilhada. O filósofo italiano Giorgio Agamben vai buscar na literatura a expressão mais emblemática dessa perda que ele denomina como uma desistência à experiência, historicamente acentuada pelo horror das guerras e pela dominação do capital. Muitas vezes nós, alunos e professores, suprimimos as escadas que nos levam ao mundo e aos seres nestes tempos em que parecem nos bastar as formas petrificadas do saber e do fazer jornalísticos. Anulamos a multiplicidade de percursos e de vozes quando nos sedentarizamos atrás de bolas digitais de cristal como se só através delas fosse possível fazer encenar os acontecimentos. O ensino do jornalismo priva o jovem dos perigos necessários da escada e da escalada quando tende a esgotar a vida, aderindo facilmente aos formatos e linguagens já esgotados no lugar de dizer a esses jovens que se esgotem de viver, como diria Nietzsche, de viver e de reinventar gramáticas, sintaxes, novos caminhos para a narrativa do cotidiano”.

A professora Raquel Wandelli fez uma espécie de linha do tempo ao comentar sobre cada edição do jornal Laboratório Fato & Versão e em seu depoimento pessoal disse que cada vez mais percebe que o acadêmico tem que ter total autonomia na confecção do jornal, e que este processo de experimentação só acontece na faculdade, onde os estudantes podem ousar e mostrar a criatividade fora do formato mercadológico.

A professora Cilene Macedo, apresentou a última edição do Jornal Extra, do curso de Jornalismo da Unisul, campus de Tubarão, que já existe há quase 20 anos. “Esta edição teve como tema a sustentabilidade e foi produzido pelos alunos da 8ª fase. Eles participaram desde a concepção da pautas, à diagramação. Todo o processo foi democraticamente discutido com os alunos, que foram a campo para fazer todas as entrevistas. Priorizamos as pautas que mostrassem o tema “sustentabilidade” na prática. Por isso, escolhemos personagens que fossem envolvidos de alguma forma, voluntariamente ou como meio de sustento. A experiência foi muito gratificante. Existe muita gente que tira do lixo o seu sustento. Isso mostra para os alunos, e futuros jornalistas, o retrato de uma sociedade, ao qual eles estarão atuando profissionalmente em breve”.

A acadêmica Rafaela Nascimento, do curso de jornalismo da Unisul campus Grande Florianópolis, disse que o evento reafirmou mais uma vez seu intento de fortalecer a mídia impressa no estado, aberto a sugestões e novas maneiras de enxergar o fazer jornalístico. “O diálogo do possível, de Cremilda Medina norteia na direção do fazer jornalístico não puramente técnico. Foi pensando nisso que fiz questão de ir no 5º Encontro de Jornais- Laboratório de Santa Catarina. Entre apresentações de jornais-laboratório nas suas mais diversas nuances, desde projeto gráfico até abordagem nas entrevistas, percebeu-se um grupo amante do jornalismo impresso. Caminhos para a sobrevivência do jornal diário foram discutidos. E enquanto uns aceitaram a ideia de mudar de plataforma sem ter uma versão impressa, outros argumentavam a favor da tinta no papel como maneira de atingir todos os públicos, diferentemente do alcance real da internet no Brasil. Com companheirismo típico da profissão de jornalista, as opiniões foram respeitadas e o debate proveitoso para a classe que perdeu a exigência do diploma para o exercício da profissão. Vislumbrar o jornalismo como uma arte de contar histórias do cotidiano é a missão do jornal-laboratório”, afirmou Rafaela.

Cada uma das nove instituições participantes contou a experiência adquirida com a edição de um jornal laboratório. Durante as mesas-redondas os professores abordaram os acertos, as mudanças, as dificuldades e até as dúvidas, como por exemplo se os jornais devem se tornar on-line ou ainda devem permanecer impressos. Outros assuntos como a comercialização dos espaços de publicidade, se deve ter a figura do ombudsman e a dificuldade em dar nota para os alunos em caso de matérias conjuntas, também foram debatidos. Os coordenadores do encontro professor Samuel Lima (UFSC) e professor Rogério Christofoletti (UFSC) e a professora Raquel Wandelli (Unisul) encerraram o evento com uma excelente perspectiva de se organizar um encontro regional. Também foram decididas as próximas instituições que irão sediar o evento, que são: Univalli em 2012 e Unisul – Tubarão 2013. O evento teve cobertura em tempo real pelo twitter @zeroufsc

Participaram do encontro as instituições: UFSC (Zero), Estácio de Sá (Contato), Fac. SATC, Criciúma (Ênfase), Unisul – Tubarão (Extra), Unisul – Grande Florianópolis ( Fato & Versão), Ielusc - Joinville (Primeira Pauta), Univali - Itajaí (Cobaia), Unochapecó (Passe a Folha) e Ibes/Sociesc - Blumenau ( O Quinto).

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